Belos Solitários ♪

- sozinha na festa, lá estava ela. Na pista de dança, pessoas que nunca dançaram na vida transformavam-se em autênticos dançarinos, entre passos e passos a batida deslizava, e ela continuava só. Ela queria ficar assim. Não havia convidado ninguém para acompanhá-la e também recusara todos os convites que haviam aparecido em seu caminho. 
Quando o Dj mudou a batida, quando o ambiente ficou mais quente, quando mãos começaram a deslizar, quando os corpos se conectaram, ela levantou-se lentamente e dirigiu-se à pista de dança, um pé na frente do outro, seu quadril paralelo à quebrada da música - seu vestido parecia acompanha-la, deixava-a sensual, ela leve, deslizava. Então ela pôs-se a dançar, sem parceiro, sem amiga, com seu próprio corpo, com sua própria alma, seu próprio espirito.
Então no momento em que os corpos adjacentes à ela na pista cansaram-se, outro corpo solitário surgiu na pista; Ela não havia percebido, e nem as outras pessoas. A pista estava vazia, e batida era mental, a música era fantasia. Era a dança dos solitários.
A mão dela juntou-se à dele por instinto, e ela assustou ao ver que não estava mais sozinha. Como isso? Ela não havia decidido dançar sozinha a noite toda? Mas parecia impossivel, ele a embriagava, a forma como seu corpo sincronizava-se ao dela a envolvia. A temperatura dos belos solitários subia, era incrivel aquela dança! Aquela conversa tão muda! Em um momento veloz uma leve troca de olhares, tão rapida que nem a cor dos olhos foi gravada - não importava. A cor das roupas, a textura das mãos, a pulsação do coração, isso tudo estava gravado.
Como poderia haver tanta sensualidade misturada com meiguice?
O Dj trocava de música, mas para os Belos Solitários era uma só canção. Eles não precisavam saber o nome um do outro, seus corpos estavam tão conectados, o calor tomava conta, tudo os envolvia; Em um dos momentos seus lábios trocaram uma breve dança, eles colaram-se de uma forma tão avassaladora e ao mesmo tempo terna, que jamais ninguém naquele salão havia visto beijo tão perfeito, e isso não os impediu de dançar, de dialogar com dó-ré-mi-fá. 
Eles estavam saciando a solidão de tanto tempo, o egoísmo de tanto tempo, a tristeza de tanto tempo, aquela dança era eterna.

Eternamente os Belos Solitários dançaram, eternamente se amaram, eternamente possuiram-se, eternamente dialogaram ao som da batida. Eternamente.


Talvez seja disso que as pessoas necessitam, uma dança eterna :)

Beijos com muito ritmo, D'looca!